Quem teve a oportunidade de ouvir as narrativas de Tistude, Beto, Carmem Lúcia, Raul e Verinha sabem das grandes dificuldades do início da jornada missionária de Tia Neiva. Uma jovem viúva simples, com cinco filhos, saída de uma cidadezinha do menor Estado do Brasil em busca do sustento. Mulher guerreira, de formação fortemente católica, que encarou seu destino com uma única certeza: Tinha que lutar!

Lutando, transferiu-se para o interior de Goiás, foi fotógrafa, mascate, motorista de ônibus e lotação, trabalhava com o quê lhe era possível para sustentar a família. Muitas dificuldades, apertos quase inenarráveis e garra de continuar em busca da vitória, da estabilidade que todos nós buscamos.

Não, ela não foi uma missionária que teve tudo nas mãos para começar uma jornada tranqüila. Tinha compromissos cármicos, e os ia cumprindo um a um, pagando seus débitos, reajustando e inconscientemente se preparando para uma missão que desconhecia por completo. Não foi uma criança rodeada de fenômenos paranormais, cheia de previsões para o futuro. Foi uma jovem sonhadora, com planos de construir uma família e ser feliz, como todos nós almejamos.

Depois de ficar viúva e iniciar sua peregrinação em busca do sustento, chegou um momento em que as coisas se tranqüilizavam. Conquistou sua carteira de motorista profissional. A primeira mulher com carteira de habilitação profissional! Trabalhando para outros foi a duras penas conseguindo o dinheiro para o primeiro caminhão. Com o início das obras da construção de Brasília obteve a oportunidade de “fichar” seu caminhão, e parecia enfim que a vida iria se estabilizar. Depois de tanto tempo brigando com o bolso, poderia ter alguma tranqüilidade. Dinheiro garantido para o mês. Os negócios avançavam, já adquiria outro caminhão. Por fim parecia o momento em que a prosperidade lhe atingia e poderia dar os estudos e a tão sonhada estabilidade para sua família.

Exatamente neste ponto da vida, em que tudo parecia tão bem, começam as visões. Desperta sua mediunidade e o mundo seguro, que começava a pisar, desaba! Acredita que está doente, procura médicos, psicólogos, psiquiatras e suas visões deixam atônitos os que deveriam curá-la. Acha que está possuída, vai em busca de padres, e o auxílio da santa madre igreja, pois era católica apostólica romana convicta (assim mesmo declarava). Mas a voz interior grita que aquilo tudo é bom, é para o bem. Em um dos terreiros, que também visitou, os fenômenos se repetem. Um deles, após sua visita nunca mais volta a abrir as portas (história digna de se contar em outra oportunidade).

Aceitando a comunicação espiritual e rendendo-se ao clamor de sua origem cigana, resolve retirar-se do mundo e partir em busca de sua missão. Deixa tudo que havia conquistado! Tudo que até então havia sonhado e finalmente começava a materializar-se.

Ao lado de outra médium vai para um sítio no meio do nada, entre Brasília e Goiânia, e inicia uma comunidade espiritualista, a UESB União Espiritualista Seta Branca.

Chegando lá, rodeada de fenômenos, de pessoas que começam a procurá-la, cria um orfanato, um hospital e um templo. Explico que era tudo rústico. Extremamente pobre! No hospital ficavam os “doidinhos” abandonados, no orfanato, os meninos e meninas rejeitados, no templo, a caridade a quem quer que chegasse a que hora fosse.

Neste ponto, Tia compreende sua limitação física. Vê que apesar de todos seus fenômenos mediúnicos, e de um conhecimento despertado do espírito, ela mesma, a Neiva, não sabia nada. Não entendia como se processava tudo. Pediu então a Pai Seta Branca que lhe auxiliasse. Um dos poucos pedidos que fez, em toda sua vida, para si mesma. Pediu conhecimento, compreensão para poder ensinar e explicar.

Fez seu juramento e colocou-se a disposição para a missão que se descortinava e Pai Seta Branca disse que, a partir de então, iria transportar-se todos os dias para um mosteiro no Himalaia, um lugar distante, dentro do Tibete, mas ainda não alcançado pela invasão chinesa. Neste lugar encontraria com um velho monge, Humarran, que seria seu mestre nos próximos anos.

Para que estes transportes pudessem ocorrer, com a freqüência que precisaria, deveria se abster de qualquer medicamento, fato que após cinco anos de “curso”, deixou-a bastante debilitada, desenvolvendo o último de seus males cármicos. Este digno de uma história a parte que não recordo de já ter sido escrita.

Mestre Humarran foi o Mestre de Tia Neiva. Orientou e explicou seus fenômenos e, a este auxilio valioso, devemos a Estrutura da Doutrina do Amanhecer. Por ele, Tia reconectou-se com suas origens, e chegou a grande realização de sua vida: o Doutrinador.

Após esta primeira preparação, Mestre Humarran continuou ligado a nossa Doutrina, e mesmo depois de seu desencarne seu auxílio nos direcionou para as próximas etapas de nossa Doutrina. Avançando além do projeto inicial, que era o Doutrinador, chegando ao embasamento iniciático. A ele devemos as Chaves do Desenvolvimento da Doutrina do Amanhecer.

Pelas mãos de Humarran, Tia ainda foi levada ao Oráculo de Simiromba, onde recebeu o direito de trazer a Estrela Candente.

Atualmente Humarran mantém seu elo com a Doutrina, ficando ao lado dos Comandantes das Grandes Amacês que conduzem as energias da Estrela Candente.
Kazagrande

2 Comentários

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  1. Salve Deus
    boa noite
    Porque tia Neiva nao podia tomar remedios durante o transporte? Desculpe minha ignorancia
    Os pretos velhos sempre acomselham os pacientes a nao deixarem em hipotese alguma o tratamento terreno, entao porque tia deveria parar de tomar os remedios?

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  2. Meu Estimado Irmão,
    Salve Deus!

    Tia Neiva foi um caso especial. Teria que desenvolver todas as suas faculdades mediúnicas (era dotada de todos os tipos de mediunidade – exceto a olfativa).

    Para realizar os transportes e desdobramentos, visando encontrar-se totalmente consciente com seu instrutor, Mestre Humarram, ela não poderia usar nenhuma química que pudesse interferir no processo conscencional.

    Tinha em suas mãos o livre arbítrio para decidir, e escolheu iniciar imediatamente o processo necessário para o cumprimento de sua jornada.

    Nisso tudo, havia um enredo cármico. A doença de Tia era em função de um reajuste que uma hora destas irei contar aqui no Exílio do Jaguar.

    Reafirmo: o caso de Tia foi uma exceção! Em todos os demais a recomendação é clara. Devemos seguir as orientações médicas e manter nossos medicamentos.

    Um fraterno abraço, Kazagrande

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